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Foto do escritorDanielle Lins

Comunicação, marketing e gestão com 'If I Only Had Christmas' – parte 1

Atualizado: 2 de mar. de 2022

O período natalino pra mim é sinônimo de gratidão, alegria, nostalgia e reflexão. Pra vocês também? Costumo passar a semana de Natal refletindo sobre o que me aconteceu durante o ano e projetando minhas expectativas para o novo ano que vai chegar. Mas nem só de reflexão a gente vive, não é mesmo? O que mais gosto de fazer é assistir a filmes natalinos! Mais alguém se identifica? Não apenas os antigos, como o clássico “Esqueceram de mim”, mas também as novas produções, entre elas as da Hallmark Channel, conhecida por apresentar uma programação de filmes alegres e festivos para a época natalina que reúnem celebração, amor, gentileza e caridade.


Na minha playlist de filmes natalinos para a virada de 2022, um em especial me despertou o interesse pela narrativa composta por temas voltados à comunicação, marketing, liderança e gestão, e por fazer referências ao livro “Orgulho e Preconceito” (Jane Austin), uma das minhas autoras preferidas, estou me referindo ao filme 'If I Only Had Christmas' (Se o Natal fosse meu), lançado em 2020 pela Hallmark Channel. Óbvio que insights não me faltaram e quero compartilhar com vocês na primeira parte deste post!


Antes de iniciarmos, para você que ainda não assistiu já faço um alerta que este post contém spoiler, se assim como eu você costuma ler resenhas com spoiler então continua comigo, do contrário sugiro que assista ao filme primeiro e depois passe aqui no blog.


A comédia romântica 'If I Only Had Christmas' conta a história de uma publicitária que trabalha na Gumm Public Relations, de Kansas City, chamada Darcy Gale (Candace Cameron Bure), ela consegue a oportunidade de mostrar o seu trabalho para o empresário William Austin (Warren Christie), o qual se passa por Glenn Goodman, vice-presidente de Comunicações da Companhia Austin Inc – AI, ao ser voluntária na Esmerald Educational Trust (Esmeralda Fundo Educacional), uma instituição de caridade com sede em Connecticut. A principal atribuição de Darcy é trazer mais arrecadações no período de Natal para apoiar a instituição de caridade e, consequentemente, reverter a imagem negativa do empresário perante a imprensa, para talvez conseguir que a Companhia Austin Inc – AI se torne cliente da Gumm Public Relations. Enquanto trabalham juntos, Darcy e William Austin/Glenn Goodman percebem que têm muito em comum e acabam se apaixonando. No entanto, o enredo sugere algumas reviravoltas, porém você terá que assistir a essa comédia romântica.

Créditos: Imagem retirada do site CoverCity
Créditos: Imagem retirada do site CoverCity

Perfil da protagonista

Resumidamente, Darcy é uma mulher independente, solteira, apegada à família, que mora sozinha com um cachorro, e é vista pelos irmãos como uma heroína conquistadora, mas que se encontra na zona de conforto profissional. No ambiente de trabalho, é uma profissional persistente que se entrega a tudo que se propõe a fazer e coloca a “mão na massa”, porém se cobra demais. Organiza as festas da empresa, busca sempre se antecipar tendo as respostas na ponta da língua, é perfeccionista, atenta aos detalhes, analisa os próprios erros, e costuma fazer várias pesquisas sobre os clientes para desempenhar o seu trabalho com excelência. Ela que se programa e planeja ao máximo para nada sair fora do planejado, aceitou o trabalho na Esmerald Educational Trust porque sentia que estava fazendo o mínimo e que precisava de uma coisa grande para se validar.


No início do filme a gente se depara com a frustração de Darcy, inclusive apresentando características da síndrome do impostor, por não ganhar o prêmio da Gumm Public Relations, empresa a qual trabalha, durante a festa de Natal, justamente por ser uma profissional dedicada e que trabalha bastante, a expectativa era grande: “Eu só me sinto derrotada e pequena. Foi loucura pensar que eu poderia competir naquele nível”. Para consolá-la, sua madrasta fala uma mensagem que podemos levar para a vida: “Você querida, tem um dom. Você está sufocada do trabalho e isso é difícil, mas quando um canto do mundo tenta apagar a nossa luz, nós não nos escondemos nos arbustos, nós encontramos um lugar novo para brilhar. É Natal! E têm tantas pessoas que precisam do seu talento”. O que deixa Darcy menos desapontada consigo mesma: “É, você está certa. Só tenho que sair da minha cabeça. Talvez eu ache uma instituição de caridade para fazer trabalho voluntário”. É quando a cunhada e um dos seus irmãos indicam a Esmerald Educational Trust, uma instituição que doa computadores para escolas, monitoram professores, conectam escolas com recursos e desenvolvem programas – a Fundação do empresário William Austin.


Oportunidade e desafio

Depois da frustração de não ganhar o prêmio, a nossa protagonista se depara com um artigo destruindo a imagem do empresário e CEO da Companhia Austin Inc – AI, William Austin (conhecido como um “anti-publicidade”), afirmando que ele “não tem visão nem liderança desde que seu pai faleceu”. A resposta do CEO da AI para a imprensa é sempre a mesma: “diz que não vamos comentar”. A secretária dele até insiste que todos querem ouvir do vice-presidente de Comunicações da Companhia, mas William é bem taxativo: “sem comentários, isso vai explodir”.


É aí que a chefe do Financeiro da AI, Winona, tem a ideia de contratar uma empresa de Relações Públicas para tratar do caso: “O mundo não sabe o que estamos fazendo, não consegue ver a visão. Investidores têm que ver a visão. Eles já estavam nervosos. Esse artigo estremeceu eles. Concordo com você que não precisamos de uma estratégia chamativa liderada pelo CEO, o que nós precisamos é de uma voz externa que chame atenção. Ficar escondido não dá mais certo”. William Austin/Glenn Goodman não gosta da ideia: “Clientes não precisam ver a visão, vão ver a genialidade no produto. Eu não gosto disso”, mas no fim acaba aceitando.


Enxergando como uma oportunidade de mostrar o seu trabalho e conseguir um contrato com a Companhia Austin Inc – AI, Darcy monta uma proposta (sem contato prévio com o possível cliente, apenas se baseando nas notícias da imprensa) que visa desenterrar o trabalho de caridade de William Austin se apoiando em humanizar a imagem do empresário e, ao mesmo tempo, ela se voluntaria para a instituição de caridade. A estratégia é contar a história da Fundação como forma de atrair mais doações e mostrar a diferença crucial entre a visão de Austin filho e a do seu pai: “O senhor Austin mudou o foco da empresa AI fundamentalmente para como ela pode tornar o mundo um lugar melhor e a mídia quer histórias como essa”.


William/Glenn: Não queremos o foco do público nas diferenças, queremos que os clientes acreditem que o legado vai continuar. Foi uma proposta adorável, mas os investidores não se inspiram em peças de interesses humanos, mas em resultados frios e rígidos.

Darcy: Você está escolhendo ver o pior deles. Investidores ainda são pessoas.

William/Glenn: E a maioria busca interesse pessoal, são negócios.

Darcy: Essa é uma visão bem fria no Natal.

William/Glenn: Não é o que está fazendo? Essa é uma história adorável destinada a apelar para o ego do nosso CEO só para conseguir o emprego da sua vida.

Darcy: Minha conexão pessoal com a Esmerald foi que inspirou essa proposta, nada além disso. Meu irmão e cunhada são professores e trabalham com a Esmerald.


Vocês devem concordar comigo que William Austin/Glenn Goodman demonstra ser daqueles clientes difíceis de lidar, primeiro porque ele possui uma visão arcaica do trabalho de um profissional de comunicação e quase nenhum conhecimento técnico da área, mas mesmo assim se sente no direito de opinar, e segundo pelo fato de ter um mindset com mais crenças limitantes o que dificulta aceitar as ideias sugeridas pela publicitária, mesmo assim ele acaba convidando Darcy para trabalhar na Esmerald durante três semanas para ver o que ela consegue fazer.


Passo a passo da comunicação

Após realizar pesquisas e montar um plano de trabalho para a Fundação de William Austin/Glenn Goodman, Darcy busca conhecer mais a fundo o cliente visando propor estratégias de comunicação mais assertivas, visto que “O trabalho que eu faço é construir relacionamento” – Darcy para William Austin/Glenn Goodman.


Todavia o nosso cliente em questão também costuma ditar o que a profissional deve fazer: “Como sabe, a Esmerald tem três eventos de Natal para promover: uma parceria com a fazenda de árvores de Natal, um concurso de Natal para crianças e o nosso baile anual de doadores. Está tudo pronto. O seu trabalho é só gerar atenção da mídia”. Oi? Como assim, Bial?


Imediatamente Darcy se posiciona: “Meu trabalho é contar história que vale a pena ser contada. Se você quer realmente capturar a magia da Esmerald, sinto muito, mas seus eventos precisam de uma melhora. Precisam de mais brilho, coração e definitivamente mais Natal”.


No primeiro dia como voluntária da Esmerald, Darcy chega com altas expectativas ao escritório e leva café para os seus colegas com o objetivo de causar uma boa impressão, o que já agrada a chefe de Desenvolvimento da Esmerald, Jackie, a funcionária da ‘mil e umas possibilidades’, com quem Darcy já enxerga uma possível aliada no trabalho que irá desenvolver.


Bem confiante, Darcy começa a dar as cartas do que planejou para as ações estratégicas, porém há um detalhe: ela esquece que está tendo o primeiro contato com a Fundação e os funcionários, ou seja, ainda não possui um conhecimento aprofundado para propor estratégias assertivas - lembram que ela se baseou anteriormente em pesquisas feitas na internet? “Eu fiz minha pesquisa e estou pronta para arrasar. Na verdade, o “Bom-dia, Greenwich!” quer um lugar no concurso de Natal das crianças” – automaticamente ela indica o diretor de Pesquisa de Arte, Riley, para ser entrevistado, sem saber que ele não se sente à vontade em dar entrevista para TV: “Não se preocupe, vamos trabalhar juntos e tenho certeza que vai se sentir confortável. Treinamento de mídia é grande parte do meu trabalho”.


E continua: “Eu também tenho uma repórter que amaria entrevistar os alunos da Esmerald para falar como a Fundação os ajudou”, apontando para a diretora de Políticas da Esmerald, drª Bridget, conceder a entrevista, a qual se recusa de imediato: “Somos muito protetores com nossos alunos e temos uma política muito rígida sobre usar a imagem deles em campanhas. Eles estariam compartilhando suas dificuldades, renunciando sua história, é um terreno complicado. Eu não quero me opor, nós só amamos as crianças” - se Darcy tivesse conversado antes de propor evitaria tais situações.


O cliente William Austin/Glenn Goodman, mais uma vez não apoia a ideia de Darcy: “É, concordo. Uma vez que compartilha a sua história publicamente não é mais sua, pertence ao público. São crianças”.


Para não demonstrar o tamanho de seu desapontamento, Darcy se mantém firme para propor outras ideias encontrando apoio em Jackie: “Eu só estava sendo profissional, mas por dentro imediatamente tinha uma vozinha na minha cabeça que dizia: eu te disse Darcy, você foi boba em acreditar que poderia fazer isso. E foi só isso! Uma voz. Só se torna real se você escutar”.


Convencer para inovar

Quem lida com pessoas entende que relacionamento é confiança e, no mundo dos negócios, para convencer um potencial cliente ou parceiro um dos caminhos é utilizar argumentos estratégicos que provoquem o interesse do interlocutor, por exemplo, o retorno financeiro que o mesmo pode adquirir.


No primeiro contato com o dono da fazenda de árvores de Natal, Darcy, como uma boa estrategista recorre à experiência e habilidades da chefe de Desenvolvimento da Esmerald, Jackie, para expandir a parceria e atrair mais doações e vendas. A princípio, o proprietário fica em dúvida: “Eu não sei, estamos muito divulgados por aqui. Parece muito divertido, mas não é o tipo de evento que meu avô gostaria”. E William Austin/Glenn Goodman ataca novamente querendo impedir mais uma ideia de Darcy: “Respeitamos seu comprometimento com a visão da sua família”. Por sua vez, Darcy não se intimida: “A Jackie sabe disso. Todo o trabalho dela é criar parcerias sem ultrapassar o orçamento...”.


O argumento estratégico usado por Darcy é o retorno financeiro, ela entra no assunto sem dar muito destaque para os possíveis custos evitando assustar o parceiro: “Você pagaria por pequenas coisas”. E Jackie reforça: “Bryan, sabia que seus concorrentes estão vendendo 11% a mais que você? Se quer melhorar as suas vendas precisa de mais marketing, isso poderia ser uma promoção gratuita e a Darcy tem todo um plano de mídia, poderíamos conseguir potenciais parcerias... famílias criando memórias e fazendo a diferença. Confia na gente?”.


Outro recurso de convencimento utilizado por Darcy é entender a preocupação do potencial cliente ou parceiro e usar a seu favor, no caso do proprietário da fazenda é o legado e a família: “Bryan, sabemos que é muito confiar a fazenda da sua família, mas você pode dar a esses professores e alunos alguma coisa que ninguém pode dar para eles: o real toque do espírito natalino, como o Papai Noel coletando doações aqui... E isso poderia ser um modelo para a Esmerald de todo o país e a sua família poderia ter começado isso. Confiamos em você!” – Darcy aproveita para impulsionar o sentimento de ser pioneiro.


Planejamento em equipe

Para dar continuidade ao desenvolvimento das ações estratégicas, Darcy se reúne com a diretora de Políticas, drª Bridget, o diretor de Pesquisa de Arte, Riley, a chefe de Desenvolvimento, Jackie e, é claro, William Austin/Glenn Goodman. Na reunião surgem alguns entraves, mas tudo normal para qualquer equipe de trabalho.


Novamente, Darcy, com suas ideias pouco aprofundadas na realidade da Fundação, apenas se baseando no conhecimento técnico e uma percepção rasa – falta de escuta ativa com o cliente para entender o que realmente precisa: “As sacolas do Papai Noel seriam de coisas que os professores precisam: cadernos, colas, adesivos, lápis, o que normalmente eles têm nos bolsos, mas com toque de Natal e um evento familiar”. A diretora de Políticas critica: “É muito fofo. Iniciativas fofas aproveitam o Natal para marcar a caixa do ‘Espalhe boa vontade e alegria’. Eu estou focada em como os doadores se sentiriam temporariamente, mas há muito mais trabalho a ser feito. Acho que esses itens são necessários, mas não vão impedir o esgotamento dos professores da área rural e escolas do interior... Estamos lutando contra grandes mudanças e na minha experiência muitas pessoas param no fofo. Esse trabalho que fazemos é massivo, é implacável e exaustivo”.


Em meio à divergência de opiniões, a postura do diretor de Pesquisa de Arte, Riley, me fez lembrar da importância de termos em uma equipe de trabalho profissionais que conseguem enxergar além do que um simples não: “Do que você está falando? Foi uma grande vitória! Jackie, ela disse sim. Ela disse um monte de outras coisas também, mas o importante é que ela disse sim. Vamos manter as ideias fluindo. O que mais podemos fazer?”, verbalizou o diretor de Pesquisa de Arte, Riley, em resposta à crítica da diretora de Políticas, drª Bridget.


Calma que não para por aqui! Na segunda parte deste post vou dividir com vocês mais ensinamentos do filme, tá? Vê se não perde!!




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